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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

HISTÓRIA DE UMA FAMÍLIA DE IMIGRANTES ITALIANOS-UM PADRE MISSIONÁRIO

 

Padre Antônio Seganfredo – Barba Toni

Segundo missionário Scalabriniano no Rio Grande do Sul

  Nasceu em Mason Vicentino-VI-Itália em 12 de junho de 1851, filho de Pellegrino Seganfredo e Maria Volpato. Emigrou para o Brasil no inicio da década de 1880 para trabalhar como operário na abertura de estradas coloniais. Empregou-se como cozinheiro e reunia os compatriotas para rezar  á noite o que lhe rendeu o apelido de capelão. Sentiu então um chamado vocacional e resolveu depois de anos de trabalho entre Bento Gonçalves e Veranópolis voltar para a Itália e estudar para tornar-se padre.  Foi aceito no Instituto Mander de Fonte Alto -TV, voltado à vocações maduras e posteriormente no Instituto para Emigrantes em PIACENZA, fundado por Dom Giovanni Battista Scalabrini. Foi ordenado padre em 31 de março de 1895 com 44 anos de idade.  No seminário tinha o nikename de Barba Toni,  porque já era um homem de meia idade, o que quer dizer em uma linguagem local “TIO TONI.  Em  1896   foi enviado para a  Colônia Alfredo Chaves chegando em setembro. Instalou-se na casa do irmão Giuseppe Seganfredo que havia emigrado em 31 de dezembro de 1891 e desde março de 1892 estava ocupando o lote 37 na linha IX no território da atual Nova Bassano. Ali tinha uma pequena igrejinha em madeira perto do monte Pareo, começou a trabalhar mas como os colonos das linhas IX e X disputavam o local da construção de uma Igreja maior começaram a litigar entre si, retirou-se para a  Capoeiras, onde havia uma pequena igreja em madeira nas terras do fazendeiro Antônio Silvério de Araújo. Ali Começou a desenvolver a missão entre os colonos. No final de outubro no mesmo ano chegou também o padre Pedro Colbacchini. O padre Pedro era o chefe da missão, mas como os dois padres eram muito diferentes no modo de atuar o padre Antônio Seganfredo permaneceu em Capoeiras e o padre Pedro Colbacchini foi para a região da  atual Nova Bassano onde se instalou temporariamente na casa de um colono na linha X.  O padre Antônio Seganfredo permaneceu nessa missão entre Capoeiras, atual Nova Prata, Protásio Alves e arredores de 1896-1912 quando teve um mal súbito e faleceu na Santa Casa de Misericórdia em Porto Alegre onde  foi sepultado. No ano 1915 exumaram o corpo e os restos mortais foram transladados para Capoeiras onde uma grande multidão esperava o cortejo. Foi sepultado na capela maior da Igreja de São João Batista onde em uma lápide de mármore estava escrito “- Ao padre Antônio Seganfredo missionário carlista fundador desta igreja por 14 anos pastor muito amado.Capoeiras reconhecida.1851-1912.

Durante os anos em que ali exerceu seu papel de missionário incentivou os agricultores a solicitar ao governo provincial escolas para as capelas, visitava as famílias de imigrantes até 100 km de distância a pé e a cavalo, esteve junto com os imigrantes quando em 1906 houve uma grande seca na região, as águas secaram, o calor propiciou o surgimento de nuvens de gafanhotos que devoraram  as plantações, houve um surto de tifo e morreram muitas pessoas, o que o obrigou a atender de norte a sul incessantemente os doentes.

De temperamento extrovertido, gargalhava contando histórias, cantava nas rodas nos dias das festas religiosas , ensinava remédios caseiros que aprendera com os nativos aos  colonos, por isso era muito procurado e amado.  Dom Giovanni Battista Scalabrini escreveu enquanto estava visitando a região  em 1904:

 “_O Pe. Seganfredo  sente extremamente a falta de um colega. Imaginem que para chegar de uma parte à outra da missão é preciso viajar até quatro dias a cavalo. Frequentemente , ao regressar de um núcleo é chamado para outro, mais ou menos – ou melhor-sempre-distante. Ficarei aqui até sábado para administrar a crisma e tratar de outros assuntos. Às  12 horas partirei para nova Bassano , distante apenas quatro horas .Estou hospedado numa casa nova ,de madeira juntamente com Carlos e o Pe. Marcos  . Há uma igreja muito bonita, quase terminada, dedicada a São João Batista; benzê-la-ei  solenemente amanhã ou depois. É obra do bondoso Pe. Seganfredo que, com seu zelo e sua piedade , conquistou a veneração de todos.”

Depois da morte dele em 1912 a paróquia permaneceu na direção dos scalabrinianos até 1918. Dali em diante foi gerida pelos padres seculares. Com a construção da igreja atual em Nova Prata a primeira foi desativada, os restos mortais dali retirados e, dizem, enviados para Nova Bassano para que dessem a devida destinação. Algo aconteceu neste intervalo de tempo e não sabemos mais onde foram parar, não temos um lugar de sepultura para visitar. Pela mudança de gestão daquela paróquia e por não ter um lugar de sepultura a história dele foi esquecida até o tempo presente .  Mas como o tempo se encarrega de  resolver certos esquecimentos,  pôde ele mesmo contar sua história através do resgate das cartas manuscritas desde o arquivo geral da Congregação dos Padres Scalabrinianos em Roma.

 

 

Giuseppe Seganfredo- pioneiro no povoamento de Nova Bassano (então Colônia Alfredo Chaves)

Giuseppe Seganfredo nasceu em 13 de novembro de 1853 em Mason Vicentino-VI-Itália- filho de Pellegrino Seganfredo e Maria Volpato. Casou-se com Margherita Marcon em 25 de novembro de 1875. Em 15 de dezembro de 1891 partiram de Mason emigrando para o Brasil juntamente com os 5 filhos. Na mesma data partiu Lucia Seganfredo com o marido Girolamo Lovison e os 3 filhos. Embarcados no navio a vapor Solferino chegaram no porto do Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1892.Em meados de março de 1892 chegaram em Porto Alegre embarcados no paquete Iris e já foram encaminhados para se estabelecer no lote 37 da Linha IX ,Ramiro Barcellos, perto do monte Pareo. Dos 5 filhos nascidos na Itália Lino faleceu em solo riograndense logo ao chegar e como não encontramos certidão de óbito pode ter sido sepultado na beira da trilha que conduzia os primeiros povoadores até seu destino final, como costumavam fazer. Na beira destas trilhas havia muitas cruzes- contavam os nossos anciãos.Em 1894 nasceu outro menino ao qual deram o nome de Lino Marcon Seganfredo, e mais outro menino em 1896 Riccardo. Pellegrino (1880) casou com Catterina Seganfredo, Maria(1884) casou com Francisco Balzan, Antônio(1885) casou com Giovanna Caldieraro, Catterina (1891) casou com João Caron, Lino(1894 )casou com Virgínia Barbisan) Riccardo (1896)casou com Francisca Anzolin.

Giuseppe foi um dos agricultores que começou a movimentar os compatriotas da linha IX para solicitar um padre para atender os imigrantes nessa parte da região de Alfredo Chaves.

Sempre foi agricultor e ali faleceu em 10 de junho de 1919 .  Margherita Marcon faleceu em  5 de agosto de 1916. Ambos foram sepultados em Nova Bassano.

Desta família podemos destacar Pellegrino Seganfredo, o primogênito, que foi professor por diversos anos em uma escola para os filhos dos imigrantes ensinando ler e escrever em português.

 

Carlo Seganfredo- nasceu em 8 de outubro de 1858 , irmão de Antônio, o missionário, de Lúcia e de Giuseppe. Casou-se com  Maria Giovanna Nicoli em 28 de janeiro de 1885. Emigrou para o Brasil em 4 de abril de 1897 com os 7 filhos e os pais Pellegrino de 81 anos e Maria Volpato de 69 anos. Aportaram no Brasil no inicio de maio. Depois de 3 meses trabalhando em uma lavoura de café em Minas Gerais vieram para o Rio Grande do Sul, na mesma Colônia Alfredo Chaves. Ficaram por ali esperando ser designado um lote de terras e enfim em 1898 foram se estabelecer na mesma linha IX vizinhando com Giuseppe e Lucia. Abriram uma bodega de Secos & Molhados, comum na época, com  produtos que eram de necessidade dos colonos. Infelizmente em um dia que passava um cortejo de casamento dispararam um morteiro que caiu em cima do telhado de madeira e queimou a casa e a bodega. Construiram outra casinha de madeira ali, mas como estavam sem nada foram morar em Nova Bassano, que começava a prosperar , em uma grande casa de madeira onde abriram uma pequena pensão com refeitório. Tiveram 12 filhos que se casaram em Nova Bassano, 7 italianos e 5 brasileiros.

Catterina(1882) casou com Pellegrino Seganfredo, Amália(1885) casou com Agostino Segalin, Maria( 1886) Casou com Natale Luigi Signori, Cirillo(1888) Casou com Maria Soccol, Assunta(1890) casou com Angelo Zandoná, Lino(1893)casou com Thereza Parisotto. Livia(1896)Casou com Francisco Tecchio, Gilberto(1899)Casou com Maria Tecchio, Florinda(1900) casou com Francisco Tonin, Sylvio(1902) casou com Palmira Vanzin, Luis Ernesto(1904)casou com Elisa Tedesco, Augusto(1907) casou com Maria Segalin.

Destes filhos dois se destacaram em Nova Bassano, sendo Cirillo professor e maestro da Banda Bassanense , ativa no ano de 1915. Sylvio fundou uma cooperativa denominada Cooperativa Mista Bassanense, cita à rua Duque de Caxias , 29. Ali vendiam tudo o que os agricultores precisavam, desde ferramentas agrícolas, arames, pregos, fumo de rolo, inseticidas, sementes e também ferraduras e arreios para os cavalos. Fundada ali pelo ano de 1959, funcionou por muito tempo sob o comando de Sylvio e do filho deste Eloi Benito, posteriormente acabou encerrando as atividades.

Destas famílias também se originaram profissionais liberais, atuando em várias atividades, muitas famílias migraram para outros lugares do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e no tempo presente estão praticamente em todos os Estados do Brasil

 

Fontes de pesquisa:

Seganfredo Ana , Seganfreddo Alessandro-Uma Família, Uma História- 2018-AllPrintEditora-Erechim

Baréa Dom José- A vida Espiritual nas Colônias Italianas -RS-EdiçõesEST

 

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