Padre Antônio Seganfredo – Barba
Toni
Segundo missionário Scalabriniano no
Rio Grande do Sul
Nasceu em Mason Vicentino-VI-Itália em 12 de junho de 1851, filho de
Pellegrino Seganfredo e Maria Volpato. Emigrou para o Brasil no inicio da
década de 1880 para trabalhar como operário na abertura de estradas coloniais.
Empregou-se como cozinheiro e reunia os compatriotas para rezar á noite o que lhe rendeu o apelido de
capelão. Sentiu então um chamado vocacional e resolveu depois de anos de
trabalho entre Bento Gonçalves e Veranópolis voltar para a Itália e estudar
para tornar-se padre. Foi aceito no
Instituto Mander de Fonte Alto -TV, voltado à vocações maduras e posteriormente
no Instituto para Emigrantes em PIACENZA, fundado por Dom Giovanni Battista
Scalabrini. Foi ordenado padre em 31 de março de 1895 com 44 anos de idade. No seminário tinha o nikename de Barba
Toni, porque já era um homem de meia
idade, o que quer dizer em uma linguagem local “TIO TONI. Em
1896 foi enviado para a Colônia Alfredo Chaves chegando em setembro.
Instalou-se na casa do irmão Giuseppe Seganfredo que havia emigrado em 31 de
dezembro de 1891 e desde março de 1892 estava ocupando o lote 37 na linha IX no
território da atual Nova Bassano. Ali tinha uma pequena igrejinha em madeira
perto do monte Pareo, começou a trabalhar mas como os colonos das linhas IX e X
disputavam o local da construção de uma Igreja maior começaram a litigar entre
si, retirou-se para a Capoeiras, onde
havia uma pequena igreja em madeira nas terras do fazendeiro Antônio Silvério
de Araújo. Ali Começou a desenvolver a missão entre os colonos. No final de
outubro no mesmo ano chegou também o padre Pedro Colbacchini. O padre Pedro era
o chefe da missão, mas como os dois padres eram muito diferentes no modo de
atuar o padre Antônio Seganfredo permaneceu em Capoeiras e o padre Pedro
Colbacchini foi para a região da atual
Nova Bassano onde se instalou temporariamente na casa de um colono na linha
X. O padre Antônio Seganfredo permaneceu
nessa missão entre Capoeiras, atual Nova Prata, Protásio Alves e arredores de
1896-1912 quando teve um mal súbito e faleceu na Santa Casa de Misericórdia em
Porto Alegre onde foi sepultado. No ano
1915 exumaram o corpo e os restos mortais foram transladados para Capoeiras
onde uma grande multidão esperava o cortejo. Foi sepultado na capela maior da
Igreja de São João Batista onde em uma lápide de mármore estava escrito “- Ao
padre Antônio Seganfredo missionário carlista fundador desta igreja por 14 anos
pastor muito amado.Capoeiras reconhecida.1851-1912.
Durante os anos em que ali exerceu
seu papel de missionário incentivou os agricultores a solicitar ao governo
provincial escolas para as capelas, visitava as famílias de imigrantes até 100
km de distância a pé e a cavalo, esteve junto com os imigrantes quando em 1906
houve uma grande seca na região, as águas secaram, o calor propiciou o
surgimento de nuvens de gafanhotos que devoraram as plantações, houve um surto de tifo e
morreram muitas pessoas, o que o obrigou a atender de norte a sul
incessantemente os doentes.
De temperamento extrovertido,
gargalhava contando histórias, cantava nas rodas nos dias das festas religiosas
, ensinava remédios caseiros que aprendera com os nativos aos colonos, por isso era muito procurado e amado. Dom Giovanni Battista Scalabrini escreveu
enquanto estava visitando a região em
1904:
“_O Pe. Seganfredo sente extremamente a falta de um colega.
Imaginem que para chegar de uma parte à outra da missão é preciso viajar até
quatro dias a cavalo. Frequentemente , ao regressar de um núcleo é chamado para
outro, mais ou menos – ou melhor-sempre-distante. Ficarei aqui até sábado para
administrar a crisma e tratar de outros assuntos. Às 12 horas partirei para nova Bassano , distante
apenas quatro horas .Estou hospedado numa casa nova ,de madeira juntamente com
Carlos e o Pe. Marcos . Há uma igreja
muito bonita, quase terminada, dedicada a São João Batista; benzê-la-ei solenemente amanhã ou depois. É obra do
bondoso Pe. Seganfredo que, com seu zelo e sua piedade , conquistou a veneração
de todos.”
Depois da morte dele em 1912 a
paróquia permaneceu na direção dos scalabrinianos até 1918. Dali em diante foi
gerida pelos padres seculares. Com a construção da igreja atual em Nova Prata a
primeira foi desativada, os restos mortais dali retirados e, dizem, enviados
para Nova Bassano para que dessem a devida destinação. Algo aconteceu neste
intervalo de tempo e não sabemos mais onde foram parar, não temos um lugar de
sepultura para visitar. Pela mudança de gestão daquela paróquia e por não ter
um lugar de sepultura a história dele foi esquecida até o tempo presente . Mas como o tempo se encarrega de resolver certos esquecimentos, pôde ele mesmo contar sua história através do
resgate das cartas manuscritas desde o arquivo geral da Congregação dos Padres
Scalabrinianos em Roma.
Giuseppe Seganfredo- pioneiro no
povoamento de Nova Bassano (então Colônia Alfredo Chaves)
Giuseppe Seganfredo nasceu em 13 de
novembro de 1853 em Mason Vicentino-VI-Itália- filho de Pellegrino Seganfredo e
Maria Volpato. Casou-se com Margherita Marcon em 25 de novembro de 1875. Em 15
de dezembro de 1891 partiram de Mason emigrando para o Brasil juntamente com os
5 filhos. Na mesma data partiu Lucia Seganfredo com o marido Girolamo Lovison e
os 3 filhos. Embarcados no navio a vapor Solferino chegaram no porto do Rio de
Janeiro em 26 de janeiro de 1892.Em meados de março de 1892 chegaram em Porto Alegre
embarcados no paquete Iris e já foram encaminhados para se estabelecer no lote
37 da Linha IX ,Ramiro Barcellos, perto do monte Pareo. Dos 5 filhos nascidos
na Itália Lino faleceu em solo riograndense logo ao chegar e como não
encontramos certidão de óbito pode ter sido sepultado na beira da trilha que
conduzia os primeiros povoadores até seu destino final, como costumavam fazer.
Na beira destas trilhas havia muitas cruzes- contavam os nossos anciãos.Em 1894
nasceu outro menino ao qual deram o nome de Lino Marcon Seganfredo, e mais
outro menino em 1896 Riccardo. Pellegrino (1880) casou com Catterina
Seganfredo, Maria(1884) casou com Francisco Balzan, Antônio(1885) casou com
Giovanna Caldieraro, Catterina (1891) casou com João Caron, Lino(1894 )casou
com Virgínia Barbisan) Riccardo (1896)casou com Francisca Anzolin.
Giuseppe foi um dos agricultores que
começou a movimentar os compatriotas da linha IX para solicitar um padre para
atender os imigrantes nessa parte da região de Alfredo Chaves.
Sempre foi agricultor e ali faleceu
em 10 de junho de 1919 . Margherita
Marcon faleceu em 5 de agosto de 1916.
Ambos foram sepultados em Nova Bassano.
Desta família podemos destacar
Pellegrino Seganfredo, o primogênito, que foi professor por diversos anos em
uma escola para os filhos dos imigrantes ensinando ler e escrever em português.
Carlo Seganfredo- nasceu em 8 de
outubro de 1858 , irmão de Antônio, o missionário, de Lúcia e de Giuseppe.
Casou-se com Maria Giovanna Nicoli em 28
de janeiro de 1885. Emigrou para o Brasil em 4 de abril de 1897 com os 7 filhos
e os pais Pellegrino de 81 anos e Maria Volpato de 69 anos. Aportaram no Brasil
no inicio de maio. Depois de 3 meses trabalhando em uma lavoura de café em
Minas Gerais vieram para o Rio Grande do Sul, na mesma Colônia Alfredo Chaves.
Ficaram por ali esperando ser designado um lote de terras e enfim em 1898 foram
se estabelecer na mesma linha IX vizinhando com Giuseppe e Lucia. Abriram uma
bodega de Secos & Molhados, comum na época, com produtos que eram de necessidade dos colonos.
Infelizmente em um dia que passava um cortejo de casamento dispararam um
morteiro que caiu em cima do telhado de madeira e queimou a casa e a bodega.
Construiram outra casinha de madeira ali, mas como estavam sem nada foram morar
em Nova Bassano, que começava a prosperar , em uma grande casa de madeira onde
abriram uma pequena pensão com refeitório. Tiveram 12 filhos que se casaram em
Nova Bassano, 7 italianos e 5 brasileiros.
Catterina(1882) casou com Pellegrino
Seganfredo, Amália(1885) casou com Agostino Segalin, Maria( 1886) Casou com
Natale Luigi Signori, Cirillo(1888) Casou com Maria Soccol, Assunta(1890) casou
com Angelo Zandoná, Lino(1893)casou com Thereza Parisotto. Livia(1896)Casou com
Francisco Tecchio, Gilberto(1899)Casou com Maria Tecchio, Florinda(1900) casou
com Francisco Tonin, Sylvio(1902) casou com Palmira Vanzin, Luis
Ernesto(1904)casou com Elisa Tedesco, Augusto(1907) casou com Maria Segalin.
Destes filhos dois se destacaram em
Nova Bassano, sendo Cirillo professor e maestro da Banda Bassanense , ativa no
ano de 1915. Sylvio fundou uma cooperativa denominada Cooperativa Mista
Bassanense, cita à rua Duque de Caxias , 29. Ali vendiam tudo o que os
agricultores precisavam, desde ferramentas agrícolas, arames, pregos, fumo de
rolo, inseticidas, sementes e também ferraduras e arreios para os cavalos.
Fundada ali pelo ano de 1959, funcionou por muito tempo sob o comando de Sylvio
e do filho deste Eloi Benito, posteriormente acabou encerrando as atividades.
Destas famílias também se originaram
profissionais liberais, atuando em várias atividades, muitas famílias migraram
para outros lugares do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e no tempo
presente estão praticamente em todos os Estados do Brasil
Fontes de pesquisa:
Seganfredo Ana , Seganfreddo Alessandro-Uma
Família, Uma História- 2018-AllPrintEditora-Erechim
Baréa Dom José- A vida Espiritual nas Colônias
Italianas -RS-EdiçõesEST
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